Na manhã desta terça-feira (10), Valor Econômico e Marie Claire se uniram para promover um encontro entre algumas das maiores líderes mulheres do Brasil em um evento que abordou assuntos como empreendedorismo, representatividade no mercado de trabalho, sustentabilidade e defesa do meio ambiente.
Na abertura, Daniela Tófoli, diretora editorial da Editora Globo, e Maria Fernanda Delmas, diretora de redação do Valor, destacaram a importância da união de mulheres para o mercado de trabalho e para o futuro do país. “Não é um grupo político, é um grupo para falar de políticas públicas”, destacou Fernanda ao encerrar a abertura do evento.
Transformações sociais a partir da vida de mulheres
Na primeira mesa da manhã, Natacha Cortêz, editora-chefe de Marie Claire, e Juliana Ventura, editora-executiva de Pequenas Empresas & Grandes Negócios, lideraram uma conversa com Mayara Lyra, co-fundadora e diretora de negócios sociais da Gerando Falcões e idealizadora do projeto Asmara, e Sabrina Santos da Silva Araújo, uma das maras do projeto, a respeito do papel das mulheres arrimo de família na economia do Brasil e da importância de programas que visam transformações sociais a partir da vida dessas pessoas.
De acordo com Mayara, o Asmara começou em novembro de 2023 e a ideia veio através de uma ONG de Bangladesh em que 80% da renda vem de projetos sociais. É um bazar físico que possui cinco lojas. Se tornou uma rede de 5 mil mulheres que já faturou 5 milhões de reais. A meta é chegar a 20 mil maras até o fim de 2025.
Sabrina foi convidada pela líder para conhecer o projeto e afirma que foi “desacreditada”, mas entrou de cabeça após saber do que se tratava. “Através do projeto realizei sonhos que já tinha desistido de alcançar”, celebrou a empreendedora. Emocionada, ela contou que uma de suas realizações foi tirar sua carteira de motorista, que veio a partir de uma promessa para a mãe de que iria sempre atrás do que desejasse.
“Nós somos uma potência em movimento”
A segunda mesa do Café com as CEOs foi conduzida por Maria Rita Alonso, diretora de redação de Marie Claire, e Leila Souza Lima, editora-assistente do site Valor, e teve como foco a vida e carreira de Fafá de Belém, a cantora, compositora e multi-instrumentista que é um ícone da redemocratização no Brasil e está totalmente envolvida com os preparativos para o COP 25, que acontecerá em novembro de 2025 na sua cidade natal.
O principal ponto levantado pela artista em uma de suas falas foi justamente a necessidade de uma representatividade real dos povos amazônicos: “Criei o Fórum Varanda da Amazônia junto com amigos pensando que a COP passa e, por isso, precisamos nos fortalecer. Temos apenas 6,5% de saneamento básico, temos que lutar contra essa representação banal do que seria o povo amazônico, basta de ser alegoria de festa!”
Fafá também reforçou que seu maior objetivo agora é de dar continuidade ao trabalho de valorização da cultura do Pará que começou a fazer desde o início de sua carreira: “O crescimento e a visibilidade do Círio [de Nazaré], da visibilidade do paraensismo, da culinária, da nossa cultura, é um trabalho que saiu da minha cabeça, com a colaboração de algumas pessoas, e hoje somos muitos.”
Ela finaliza destacando a importância das mulheres para a manutenção da preservação e do funcionamento do ecossistema amazônico, que tem sua existência mais ameaçada do que nunca, se tornando, mais uma vez, a principal pauta discutida no G20 deste ano, que aconteceu no Rio de Janeiro. “A Amazônia só será potente se ouvirmos o ribeirinho. Se não houverem pessoas preocupadas, nossas mulheres continuarão sendo abusadas. A Amazônia é fundamentalmente feminina. As mulheres são a potência daquela terra”, concluiu.
O caminho para a representatividade feminina na liderança
Luiza Mattos, uma das sócias da Bain & Company, finalizou o evento apresentando uma pesquisa que a empresa fez a respeito da presença feminina em cargos de liderança. Nela, foi possível detectar que 94% dos CEOs das empresas citadas nas amostras eram homens, enquanto 4% eram mulheres, assim como presidentes de conselhos, dos quais 90% eram homens e 10% mulheres.
Dentro dos insights a respeito da percepção da atuação das empresas, foi colhido que 78% das mulheres acreditam que alcançar a igualdade de gênero deve ser uma das 5 principais prioridades estratégicas para qualquer organização, já 61% dos homens concordam com essa afirmação.